sábado, 2 de abril de 2016

Trabalho de campo


     Segundo o biólogo e ilustrador português, Pedro Salgado: “O trabalho de campo (fieldsketching) é fundamental nas atividades formativas de um ilustrador de biologia ou ilustrador científico voltado para a fauna e flora de um determinado ecossistema. Inicialmente pode parecer que as anotações em campo sejam uma miscelânea de impressões e o registro dessa informação ainda não contenha o que chamamos de Arte embora já constituem-se como treinamento do olhar e o caminho da criação de um repertório  visual que se tornará muito útil ao trabalho de laboratório que seguirá ao trabalho de campo”.

Desse modo, a permanência de pessoas  dedicadas aos registros em desenho e/ou fotografias traz a possibilidade de vencer o  processo de criação gráfica devido ao rigor exigido na atividade de ilustradores de ciências.

O que caracteriza essas viagens não são apenas as espécies que eventualmente encontraremos nas trilhas, mas o que permanece lá o tempo todo: o relevo, o solo, a textura das pedras, dos troncos, as cores das folhas, e das flores, que nem sempre ganham as páginas dos livros didáticos! Os locais oferecem o cenário e as condições – os profissionais levam os motivos consigo. Os locais nos oferecem a infraestrutura – o chão – e os ilustradores oferecem o olhar concretizado em seu trabalho. A natureza estimula o encontro e juntos construímos Cultura - só possível a partir da interação com o meio e com os seres que nos cercam – especialmente as pessoas que irão fruir das produções de sentidos.

A elaboração de um vocabulário visual  passa pelo entendimento das formas, cores, relações entre os seres vivos e isso  se viabiliza em um trabalho de campo consistente, orientado e duradouro. Aos poucos, os ilustradores vão apurando a observação e o olhar. Quanto mais se olha, mais se vê. E a observação direta é imprescindível à fidelidade da representação.